quinta-feira, abril 27, 2006

Um conto...sobre ela

Será a outra existência desta forma?...era bom que fosse...era um bom sitio para ela...



"Quando ela morreu ninguém lhe sentiu a falta pois à muito que os seus murmurios eram silenciados. A sua presença já não era mais que uma sombra...que quando passa cria uma breve deslocação de ar.
Talvez por isso Ele ( mais do que todos ) não a tenha também chorado, ou sentido saudades. E nem as músicas que tantas vezes tinham ouvido juntos, naquelas noites infinitas, lhe faziam lembrar dela mais do que outra coisa qualquer.
Como era possível que toda uma existência fosse votada ao esquecimento de forma tão frívola?
Nessas coisas não pensavam aqueles que a tinham conhecido, para eles há muito que ela não existia.
É função de um Homem tocar em alguma coisa ou em alguém enquanto vive. É a sua marca que conta quando parte...Aonde tinha ela deixado a sua marca?
Todos tinham seguido com a sua vida, uns bem, outros mal, mas todos semexcepção abandonaram as matrizes que os manteriam ligados a ela para sempre.
Mas nem sempre fora assim...Enquanto ser inflamado de vida, ela tinha-se esforçado para arrancar do caos as pessoas que a rodeavam e que amava. Ela era uma Humanista dirão alguns...Era sobretudo apaixonada. De inicio todos lhe louvaram a vantade férrea de tudo e todos tentar melhorar, mas cedo se cansaram de tentar atingir a Ventura e ela, como única que remava contra a maré mergulhou na frustação de sozinha não conseguir nada.
Mas quais vampiros aqueles que a rodeavam exigiam que ela continuasse a sua cruzada, mortificando-a qundo dava sinais de cansaço...e assim foram-lhe sugando a jovialidade e tenacidade. Quanto mais tempo passava mais se assemelhava a uma sombra...!
Isso ninguém lhe disse e se ela o soube, não o quis crer. Morrendo já ela estava há muito...
No entanto era ela que sustentava a linha ténue que transforma a vida possivel de se tornar numa luta pela sobrevivência. Isso não quiseram eles saber...Tentou desesperadamente tomar uma atitude radical de rebeldia como que gritando..."Eu também erro, sou humana ou não sou?" só que a busca da perfeição era sua cruzada e viu-se incapaz de o fazer por matriz original.
Todos a queriam por exclusivo como se sentissem protegidos pela sua presença e ninguém soube ou não quis alguma vez ter conhecimento das suas necessidades e ia ela a cada dia definhando mais um pouco, abraçada pelos demónios daqueles que exorcisava com seu amor. Quis pensar que sem ela eles se sentissem desorientados, temerosos ou apenas infelizes.
Quis crer com todas as suas forças que a amavam e que sentiriam a sua perda e então deixou-se morrer, porque não se sentido amada em vida desejou sentir-se saudada na morte. Mas tal como o Amor nunca a acarinhou também a saudade não lhe permitiu descansar em seu colo."

Soraia Silva

1 Comments:

Blogger FadaVerdeAbsinto said...

thanks...i work for that...

fadaverdeabsinto

3:27 da manhã  

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