Insanidade vs Imortalidade
Espiritos rodeiam-me
Amedrontando-me
Brincam…
Cantam
Dançam
De maneira mórbida
Segregam segredos indecifraveis
Numa lingua desarticulada
Que fere os ouvidos
E nos penetra na alma
Como facas em brasa
Assisto…
Enquanto mexem nos meus cabelos
Gelados…
MORTA (!)
Numa tômbola de vidro
Onde todos podem ver a minha imortalidade
E com ela se ofenderem ou envorganharem
Riem-se para mim
Tocam-me
Com um toque quente e húmido
Que me excita
E me deixa sedenta do seu sangue
Da sua Imortalidade…
Vieram me buscar
Para as entranhas do Inferno
Onde sou esperada
Como se espera a casta donzela
Como se espera quem tem um relacionamento incestuoso com o próprio demo
Oh! Meu pai
Pai de toda a liberdade e loucura
A loucura
A insanidade que procuro e tanto anseio!
my dear pillow
"porque me deixaste sozinha naqueles
corredores brancos?
Porque me deixaste ver-me reflectida
Em mil baços espelho?
Senti sozinha, a picada da minha
Hipócrita salvação…e
Senti-a correr nas veias…enojada!!!
Filhos da puta…!!!
Quem vos pediu para ser salva?
Para que é que me salvaram?
Para sentir novamente esta
Angústia mortiça
Que me puxa para um abismo,
Do qual não tenho forças para sair…!?
Eu queria sentir o sabor
Metálico e sedutor
Da Morte…
Mas nem tu
Nem eles me deram o privilégio de conhecer minha Mãe!
Nem tu
Nem eles, me deixaram
Finalmente…Viver…! " Soraia silva
Um conto...sobre ela
Será a outra existência desta forma?...era bom que fosse...era um bom sitio para ela..."Quando ela morreu ninguém lhe sentiu a falta pois à muito que os seus murmurios eram silenciados. A sua presença já não era mais que uma sombra...que quando passa cria uma breve deslocação de ar.Talvez por isso Ele ( mais do que todos ) não a tenha também chorado, ou sentido saudades. E nem as músicas que tantas vezes tinham ouvido juntos, naquelas noites infinitas, lhe faziam lembrar dela mais do que outra coisa qualquer.Como era possível que toda uma existência fosse votada ao esquecimento de forma tão frívola?Nessas coisas não pensavam aqueles que a tinham conhecido, para eles há muito que ela não existia.É função de um Homem tocar em alguma coisa ou em alguém enquanto vive. É a sua marca que conta quando parte...Aonde tinha ela deixado a sua marca?Todos tinham seguido com a sua vida, uns bem, outros mal, mas todos semexcepção abandonaram as matrizes que os manteriam ligados a ela para sempre.Mas nem sempre fora assim...Enquanto ser inflamado de vida, ela tinha-se esforçado para arrancar do caos as pessoas que a rodeavam e que amava. Ela era uma Humanista dirão alguns...Era sobretudo apaixonada. De inicio todos lhe louvaram a vantade férrea de tudo e todos tentar melhorar, mas cedo se cansaram de tentar atingir a Ventura e ela, como única que remava contra a maré mergulhou na frustação de sozinha não conseguir nada.Mas quais vampiros aqueles que a rodeavam exigiam que ela continuasse a sua cruzada, mortificando-a qundo dava sinais de cansaço...e assim foram-lhe sugando a jovialidade e tenacidade. Quanto mais tempo passava mais se assemelhava a uma sombra...!Isso ninguém lhe disse e se ela o soube, não o quis crer. Morrendo já ela estava há muito...No entanto era ela que sustentava a linha ténue que transforma a vida possivel de se tornar numa luta pela sobrevivência. Isso não quiseram eles saber...Tentou desesperadamente tomar uma atitude radical de rebeldia como que gritando..."Eu também erro, sou humana ou não sou?" só que a busca da perfeição era sua cruzada e viu-se incapaz de o fazer por matriz original.Todos a queriam por exclusivo como se sentissem protegidos pela sua presença e ninguém soube ou não quis alguma vez ter conhecimento das suas necessidades e ia ela a cada dia definhando mais um pouco, abraçada pelos demónios daqueles que exorcisava com seu amor. Quis pensar que sem ela eles se sentissem desorientados, temerosos ou apenas infelizes.Quis crer com todas as suas forças que a amavam e que sentiriam a sua perda e então deixou-se morrer, porque não se sentido amada em vida desejou sentir-se saudada na morte. Mas tal como o Amor nunca a acarinhou também a saudade não lhe permitiu descansar em seu colo."Soraia Silva
sensualidade
a p j harvey sabe perfeitamente o que é sensual...
Adeus
"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega Para afastar o frio de quatro paredes. Gastámos tudo menos o silêncio. Gastámos os olhos com o sal das lágrimas, Gastámos as mãos à força de as apertamos, Gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis. Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada. Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro; era como se todas as coisas fossem minhas; quanto mais te dava mais tinha para te dar. Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes. E eu acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis. Mas isso era no tempo dos segredos, era no tempo em que o teu corpo era um aquário era no tempo em que os meus olhos eram realmente peixes verdes. Hoje são apenas os meus olhos. È pouco, mas é verdade, uns olhos como todos os outros. Já gastámos as palavras quando agora digo: meu amor, já se não passa absolutamente nada. E no entanto, antes das palavras gastas tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração Não temos já nada para dar Dentro de ti não há nada que me peça àgua O passado é inútil como um trapo. E já te disse: as palavras estão gastas. Adeus." Eugénio de Andrade, Palavras Interditas Dois amantes...um momento que os une para sempre...os momentos pertencem a quem os viveu e somente...os momentos perduram no infinito do universo.
Visita
" Percorro as ruas húmidas da cidade adormecida... Vejo amantes amando-se furiosamente nos recantos das ruas tipicas de Lisboa Já não existe um amanhã para eles...desejam-se... A brisa morna de um Julho húmido traz-me... saudades da tua pele... Finalmente chego ao hotel onde sempre nos encontramos Encontra-se oculto pela escuridão, e hoje todos já dormem. As escadas de madeira que rangem quando as pisamos... Chiiiuuuuuuu! cuidado com os outros hóspedes Subo-as silenciosamente, uma a uma sem pressas! Não nos apressamos para uma noite de luxúria A chave a girar na porta, o barulho do trinco... São sons a que já me habituei...que fazem parte de todo um ritual a dois Entro na penumbra de um quarto que não reconheço... O cheiro ocre da tua pele invade-me e transporta-me para outra dimensão Onde o toque ganha cor. E o desejo é rei e senhor Tocas-me... E eu sinto o teu toque qual veludo Segredas-me... Percorres-me o corpo E o meu universo é cada vez mais violeta... Adias-me o extânse... Abro os olhos e tu esfumaste...faço sempre tudo errado! Fico sozinha, mergulhada em lençois de cetim pretos... Em cima da cómoda do quarto de hotel uma grande tulipa vermelha A promessa de um novo encontro! Saiu, novamente só, para a noite... e junto-me aos amantes à procura de mim!" Soraia Silva